segunda-feira, 19 de julho de 2010

LA CAMPANELLA DE LISZT COM O BRILHO DA INTERPRETAÇÃO DE RUBINSTEIN



Campanela ou "Campanella" é um trecho de música instrumental que lembra o repicar de sinos e foi assim foi chamado o movimento final do Concerto para Violino No. 2 em B menor de Paganini, porque a música foi reforçada por pequenos sinos.

Franz Liszt usou e escreveu várias peças com base neste movimento e a mais conhecida é o terceiro dos famosos "Grandes Estudos de Paganini"("Grand Paganini Etudes"), também conhecido como "La campanella", aquí interpretada pelo "Mago do Piano" Arthur Rubinstein.

domingo, 18 de julho de 2010

MÚSICA CELTA



A música celta é caracterizada pelo ritmo vigoroso das danças, pela utilização de flautas e de rabecas, e pelo uso de línguas locais nas letras das músicas. Se refere aos estilos populares da Irlanda, Escócia, Galiza, País de Gales e Bretanha, que usavam as formas tradicionais de danças e os improvisos dos trovadores.

Com o "Movimento Nacional Irlandês", a partir dos anos 1960, o universo "celta" se popularizou nos Estados Unidos e marcou o cenário pop das décadas de 60, 70 e 80.Explodiu nos anos 1990 nas paradas mundiais, com o New Age.

Celtic Woman - The Butterfly

terça-feira, 13 de julho de 2010

ÓPERA - BUFFA : ÓPERA CÔMICA




A ópera buffa é uma obra sobre um assunto cômico, onde geralmente se utiliza o diálogo falado. No entanto, na Itália dos primeiros tempos, já se usava o chamado recitativo seco.

A origem do gênero se encontra nos intermezzos que, no século XVIII, se intercalavam nas óperas sérias.

Quem conferiu a autonomia própria à ópera buffa foi Giovanni Battista Pergolesi (1733),com "La Serva Padrona"




La serva padrona è um celebre intermezzo buffo de Giovanni Battista Pergolesi, com libreto de Gennaro Antonio Federico, foi apresentada pela primeira vez no Teatro S. Bartolomeo de Nápoles, no dia 28 agosto 1733.


segunda-feira, 21 de junho de 2010

DOIS TALENTOS E UM HINO DE AMOR AO BRASIL : GOTTSCHALK E GUIOMAR NOVAES

| Por: Raquel Crusoé Loures de Macedo Meira

Confesso que a primeira vez que ouvi a “Grande Fantasia Triunfal sobre o Hino Nacional Brasileiro”, do compositor americano Louis Moreau Gottschalk inspirada no Hino Nacional Brasileiro, fui às lágrimas. O sentimento de brasilidade aflorou em todo o meu ser.

A partir deste momento, me interessei em saber mais sobre esta obra que é grande sucesso no repertório não só de nossos pianistas, como nos de outros países. Gottschalk tinha muito prestígio junto ao Imperador Pedro II e, a euforia predominante na côrte com a vitória sobre as tropas paraguaias, inspiraram o compositor que, entusiasmado, compôs esta peça dedicada à Princesa Isabel.

De acordo com Roberto Muggiati. “..., em 1973, uma consulta de origem desconhecida à Comissão Nacional de Moral e Civismo, ameaçou por algum tempo de proibição a peça de Gottschalk. O processo rolou por alguns anos até que, graças principalmente ao parecer do musicólogo Alfredo Melo, que esclareceu devidamente a diferença entre “arranjo” e “variação”, e condenou “essa interdição como um “crime de lesa-cultura”, a “Grande fantasia Triunfal”, foi liberada. Finalmente, a 7 de setembro de 1981, junto ao Monumento do Ipiranga, ela foi executada em apoteose para 800 mil pessoas, no melhor estilo “gottschalkiano”.



Louis Moreau Gottschalk (1829-1869), da Escola Nacionalista Norte Americana, nasceu e foi criado em Nova Orleans onde vivenciou uma imensa variedade de influências musicais, mas foi como aluno de Berlioz que herdou este gosto por concertos de proporções gigantescas, com a participação de mais de mil executantes entre regentes instrumentistas e cantores. A sua viagem a Cuba em 1854, marcou o início de uma série de viagens à America Central e América do Sul e, em meados de 1860, Gottschalk havia se estabelecido como o mais importante pianista do Novo Mundo. Faleceu no Rio de Janeiro em 1869.



Guiomar Novaes

Pianista paulista (28/2/1894-7/3/1979). foi uma das mais importantes instrumentistas de sua geração e a primeira brasileira a consolidar uma carreira de prestígio internacional.

Suas interpretações se caracterizavam pela pureza da sonoridade e domínio da técnica pianística.

Considerada a grande intérprete de compositores românticos, tinha realmente uma preferência especial por Chopin, o que no entanto não interferiu em sua grande dedicação e divulgação da música brasileira, especialmente de Villa-Lobos.

Vejam abaixo esta preciosidade de gravação histórica:

Guiomar Novaes - Grande Fantasia Triunfal sobre o Hino Nacional Brasileiro



Guiomar Novaes toca a Grande Fantasia Triunfal sobre o Hino Nacional Brasileiro, Op. 69, de Louis Moreau Gottschalk.

Guiomar Novaes foi uma das maiores pianistas do século XX, e uma das maiores do Brasil de todos os tempos. Aqui ela interpreta de forma soberba a obra Gottschalk compôs para homenagear o Brasil, terra pela qual se apaixonou.

quarta-feira, 9 de junho de 2010

MÚSICA FOLCLÓRICA, POPULAR E ERUDITA


| Por : Raquel Crusoé Loures de Macedo Meira


FOLCLÓRICA

Elaborada por quem ignora por completo os aspectos teóricos da arte musical, a música folclórica vive em função de uma tradição e é concebida de maneira espontânea. Se expande com toda naturalidade, pois é aceita no momento da criação. Neste gênero, a música é o que importa,o autor geralmente cai no anonimato.

Claro que ela tem autor. Nada acontece do nada. Porém de tanto ouvir e cantar ao ser transmitida de forma oral, cada um se julga o dono. Se dissermos para alguém que a “Ciranda cirandinha” ou o “Atirei o pau no gato” é nossa, estaremos comprando uma grande briga. Cada um se sente o proprietário, pois afinal é um bem hereditário.

A música folclórica subsiste entre as coletividades rurais e urbanas e se contrapõe à moda, à arte e às técnicas eruditas modernas. Portanto, executada ou cantada, é divulgada por audição, de um para outro membro da coletividade e, pode ou não, sofrer alterações fundamentais, pois afinal, quem conta um conto, aumenta um ponto.

POPULAR

É também uma música do povo, porém a espontaneidade dá lugar a uma imposição. Por ser transmitida através dos meios de comunicação, quantas e quantas vezes nos damos conta de que cantarolamos inconscientemente uma canção que está na moda e em todos os canais da mídia?

Do Oiapoque ao Chuí, o povo sempre ouvirá exatamente as mesmas interpretações, portanto, não sofre alterações, a não ser por alguma dificuldade de audição ou memória musical do ouvinte,pois somos submetidos a uma verdadeira lavagem cerebral.

Ao contrário da música folclórica, a música popular atende a modismos. Hoje é uma música que está na boca do povo, amanhã, com certeza será outra. A mídia comanda e detém o poder. Em muitas situações o compositor ou o cantor, é mais importante que a própria música. Quantas vezes ouvimos alguém dizer: fulano lançou um novo CD, irei imediatamente comprá-lo, pois amo tudo que ele canta.

A música popular pode ser composta por quem entende de música ou não. Se não entende, geralmente o compositor procura alguém para fazer a partitura por ele.

Importante ressaltar que existem os chamados “clássicos da música popular”. São composições belíssimas que, apesar de sair da mídia, permanecem no coração e mente de muitos. Grandes cantores também, com os recursos das novas tecnologias, buscam estas maravilhas e as lançam novamente, em grande estilo, fazendo assim com que entrem novamente, com muito sucesso, no coração e no dia a dia das pessoas.


ERUDITA

Também conhecida como “música clássica”, é a música produzida ou enraizada nas tradições da música secular e liturgia ocidental, que vai aproximadamente do século IX até o presente.

No período clássico, ou classicismo, dentro da evolução histórica, se produziu a música pura, “música pela música” onde a razão predominava sobre a emoção e a busca de perfeição era uma constante, talvez daí a popularização do nome.O termo clássico que denomina um período, passa a denominar a música de todos os períodos da evolução histórica musical erudita.

A música erudita é escrita pelos eruditos, estudiosos da música, e divulgadas através das escolas, entidades,igrejas e família. Muitas pessoas dizem não gostar de música erudita ou clássica, simplesmente pelo desconhecimento. Somente podemos amar o que conhecemos e, infelizmente apenas uma minoria da população tem a oportunidade de vivenciar esta produção transmitida através da escrita. Um profundo respeito guardado às obras clássicas, têm implicações relevantes na interpretação musical. Espera-se, de uma forma razoável, que os intérpretes executem a obra de acordo com as intenções originais do compositor. Tais intenções são geralmente, pormenorizadas em detalhes, na própria partitura.

Na música clássica ou erudita, se utiliza inúmeras formas como o concerto, a sinfonia, a ópera a música de dança, a suite, o estudo,a sonata, o poema sinfônico entre muitos e muitos outros, tornando portanto imprescindível o estudo, o conhecimento e a academia para se tornar um compositor.Mas para ser um bom ouvinte e desfrutar das delícias que nos proporcionam, basta apenas a vivência.Como disse anteriormente, somente amamos o que conhecemos !

sexta-feira, 28 de maio de 2010

HISTÓRIA DO HINO NACIONAL BRASILEIRO - FATOS INTERESSANTES NEM SEMPRE DIVULGADOS

Capa original do Hino Nacional Brasileiro



I Por: Raquel Crusoé Loures de Macedo Meira

Segundo o Prof. Alvacyr Pedrinha, “o Hino Nacional de cada povo expressa, em todas as suas gamas, o modo de ser da psique coletiva de sua gente. A identificação do povo com o Hino é mais do que necessária para que, ao ouvi-lo ou cantá-lo, se possa sentir ser ele, realmente, o porta-voz da nação, da alma do povo.”
Apesar de ser repleta de fatos interessantes, a história do Hino Nacional Brasileiro não é nada divulgada. Normalmente se limita a uma breve referência aos autores da letra e da música.

Letra: Joaquim Osório Duque Estrada.

Música: Francisco Manuel da Silva.

No entanto ela é riquíssima. Talvez mais do que qualquer outro dos Símbolos Nacionais, a história do nosso hino reflete os momentos mais relevantes da nossa pátria.

A música de Francisco Manuel da Silva, inicialmente composta para banda, popularizou-se em 1831, com versos que comemoravam a abdicação de Dom Pedro I e, por ocasião da coroação de Dom Pedro II, com uma outra letra, a música se tornou tão popular que, apesar de não ter sido oficializada como tal, passou a ser considerada o hino nacional brasileiro.

Portanto, o nosso hino nasceu com o calor das agitações populares, quando vacilava a independência do Brasil, num dos momentos mais dramáticos de nossa História. Durante quase um século, por incrível que pareça, o Hino Nacional Brasileiro foi executado, sem ter oficialmente uma letra.

Francisco Manuel, como muitos, desejava a abdicação do Imperador e, com isto, não era visto com bons olhos. Os irmãos Portugal, maestros Marcos e Simão, eram realmente os ditadores da música oficial aqui no Brasil. Como Mestre da Capela Imperial, o maestro Portugal proibiu terminantemente que ali fosse executada qualquer música que não fosse de sua autoria. Imaginem o clima. No entanto, apesar de todas as forças contrárias, foi ao som deste hino que conhecemos bem, porém com versos do desembargador Ovídio Saraiva de Carvalho e Silva que a fragata inglesa Volage, levantou âncoras levando D. Pedro I e a sua família para o exílio na Europa. Segundo Luís Heitor de Azevedo Correia, o nosso hino foi "executado entre girândolas de foguetes e vivas entusiásticos", quando da partida de D. Pedro I, em 13 de abril de 1831.

Com a proclamação da república, os governantes abriram um concurso para a escolha e oficialização de um novo hino. Leopoldo Miguez foi o vencedor, porém o povo não aceitou. Com as inúmeras manifestações populares contrárias à adoção do novo hino, o então presidente da República, Deodoro da Fonseca, oficializou como Hino Nacional Brasileiro a composição de Francisco Manuel da Silva e estabeleceu que a composição de Leopoldo Miguez seria o Hino da Proclamação da República. A letra escrita pelo jornalista e poeta Joaquim Osório Duque Estrada, tornou-se finalmente oficial, durante o centenário da Proclamação da Independência em 1822 . Com a orquestração de Antônio Assis Republicano e instrumentação para banda do tenente Antônio Pinto Júnior, a adaptação vocal foi feita por Alberto Nepomuceno, quando então foi proibida a execução de quaisquer outros arranjos vocais ou artístico-instrumentais no hino.


Será isto o que estamos assistindo no dia a dia em nosso país ?


DECRETO N.º 171, DE 20 DE JANEIRO DE 1890

"Conserva o Hino Nacional e adota o da Proclamação da República."
"O Governo Provisório da República dos Estados Unidos do Brasil constituído pelo Exército e Armada, em nome da Nação, decreta:
Art. 1º - É conservada como Hino Nacional a composição musical do maestro Francisco Manuel da Silva.
Art. 2º - É adotada sob o título de Hino da Proclamação da República a composição do maestro Leopoldo Miguez, baseada na poesia do cidadão José Joaquim de Campos da Costa de Medeiros Albuquerque."

terça-feira, 11 de maio de 2010

JASCHA HEIFETZ, O GRANDE VIOLINISTA DO SÉCULO XX




Jascha Heifetz (Lituânia - 1901-1987) foi um dos maiores virtuoses da história do violino e, considerado por muitos o melhor violinista do século XX.

Por oitenta e três de seus oitenta e seis anos,ele tocou violino e, em sessenta de seus oitenta e seis anos, ele fez isso diante de platéias imensas em todo o mundo. Tudo começou em São Petersburgo no dia 30 de abril de 1911.

Mostrando o seu virtuosismo, viajou mais de dois milhões de quilômetros ao redor do globo,com inúmeras aparições em rádios e participações em produções cinematográficas.


Jascha Heifetz plays Paganini Caprice No. 24

(Caprice,capriccio ou em português, capricho é um trecho musical de forma livre)

quinta-feira, 29 de abril de 2010

HUMOR E CURIOSIDADES NOS DOMÍNIOS MUSICAIS

FRANZ LISZT (1811 - 1886)


- Em alguma conversa, o czar Nicolau da Rússia disse que, duas coisas em Liszt ele definitivamente não apreciava: o seu cabelo comprido e as suas opiniões políticas.
- Liszt sabendo disso, mandou a seguinte resposta ao czar: diga ao czar que, quanto ao meu cabelo, deixei-o crescer em Paris e só em Paris o cortarei। Quanto a idéias políticas, não as tenho e quando as possuir, só as direi quando tiver 300 mil baionetas à minha disposição.
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- Franz Liszt tocava piano na presença do czar Nicolau que, em vez de ouvi-lo, conversava em voz alta com um dos convidados.
- Liszt parou de tocar e levantou-se do piano. O czar admirado perguntou-lhe porque havia interrompido.
Respondeu-lhe o famoso pianista e compositor:
- Quando o czar fala, todos os outros se devem calar.

________________

Ainda na Rússia, onde Liszt não era bem visto por suas opiniões democráticas, incompatíveis com os dirigentes daquela terra,um general russo com a sua arrogância característica, perguntou a Liszt: o senhor nunca esteve em uma batalha ?
Liszt respondeu-lhe: não, e o senhor general nunca tocou piano.

quarta-feira, 28 de abril de 2010

VILLA LOBOS – DA CLASSE MÉDIA BAIXA PARA A CONSAGRAÇÃO MUNDIAL

| Por: Raquel Crusoé Loures de Macedo Meira

Heitor Villa Lobos (Rio de Janeiro - 1887 – 1959) é um dos nomes mais eminentes da música brasileira. Considerado por muitos, o maior, o gênio.
O seu nome é conhecido no mundo inteiro não somente como invejável compositor, como também educador.

Passou a juventude tocando violão nas rodas boêmias do Rio de Janeiro , sempre em companhia de famosos seresteiros. A sua obra é riquíssima e abraça todos os gêneros musicais e, é justamente com ele que a música nacionalista brasileira tem a sua mais alta expressão, sempre inspirada no folclore musical do nosso país.

Obstinadamente preocupado com a Educação Musical nas escolas,foi solicitado para organizar a “Superintendência de Educação Musical e Artística da Prefeitura do Distrito Federal (SEMA).

Convicto da importância, do canto em conjunto para as crianças e, conhecedor do folclore, organizou uma esplêndida coletânea dos nossos cantos. Com o êxito deste trabalho, foi criado em1942 o Conservatório Nacional de Canto Orfeônico.

Sua primeira composição caracteristicamente nacional é a série de “Danças Africanas”, para orquestra. A partir de então, compõe muitas e muitas outras obras fantásticas.

Executada pelo pianista, mundialmente famoso, Arthur Rubinstein, a “Prole do Bebê nº 1 torna Villa Lobos conhecido além das fronteiras do nosso país e daí por diante, nada o segura.

Gravação histórica: Rubinstein toca Villa-Lobos- Prole de Bebê nº 1 no Conservatório de Moscou.



Na grandiosa série "Bachianas Brasileiras" onde abrange peças instrumentais e corais, Villa-Lobos faz uma associação do estilo melódico e cntrapontístico de J.S.Bach com as características da música brasileira.

Aqui, uma  raridade de gravação da grande cantora  Bidu Sayão - Bachiana nº 5 -Cantilena para soprano solo e violoncelos.

terça-feira, 27 de abril de 2010

UMA TELA DE RENOIR AO SOM DE DEBUSSY



I Por: Raquel Crusoé Loures de Macedo Meira



Eu devia estar com os meus dezesseis anos e já era considerada uma velha professora do Conservatório Estadual de Música Lorenzo Fernandez, isto porque naquela época, em uma estrutura curricular bem diferente e, já possuindo todos os diplomas necessários, fui emancipada em cartório, pelos meus pais, a pedido da D. Marina Lorenzo Fernandez que precisava de professores. Com a emancipação, eu poderia lecionar legalmente, apesar da pouca idade. Comecei por lá aos treze anos.

Neste tempo, não se vinculava a série escolar musical à série da escola regular. Na mesma classe, atendíamos todas as idades, daí que, antes dos meus quinze anos, eu lecionava para alunos crianças, adolescentes e adultos. Muitas vezes, na mesma classe, atendíamos avôs com os seus netos. Éramos uma família. Todos juntos e sempre com muita alegria. Parecia que toda a cidade ali estudava, respondia presente e amava aquela casa de arte, em uma harmonia sempre perfeita.

O conservatório parecia ser o centro do mundo!

Sim, estávamos em uma cidade do interior mas, pelos contatos da Dona Marina, recebíamos os maiores nomes do Brasil, em todas as áreas da arte, como também, continuamente viajávamos para nos aperfeiçoar nos grandes centros.

Ali era o meu paraíso, a minha alegria, a minha vida.

Somente sabia a hora de entrar, nunca a de sair. Por lá eu alimentava o meu espírito, a minha alma e, como eram perfeitos os meus colegas, alunos e amigos. Ou melhor, não havia separação entre alunos, colegas e professores. Jogávamos no mesmo time, sempre comandados por esta figura divina chamada Marina, filha do grande compositor brasileiro Lorenzo Fernandez.

Juro que muitas vezes não a via como humana. Parecia ter sido extraída das Galáxias ou ter caído do céu para a nossa felicidade. Com esta criatura maravilhosa, aprendemos a ser, pensar, agir, falar e fazer música com o coração.

Que tempo mais lindo!

Tantas imagens, tantos sons e quantas cores. Neste momento, a minha mente mais parece uma tela de Renoir sonorizada com a música de Debussy.

sábado, 24 de abril de 2010

BAILANDO COM A MENTE


I Por: Raquel Crusoé Loures de Macedo Meira

Ontem, brincando com lembranças, imagens de um Liszt espirituoso acabou por tomar todos os meus pensamentos e, como consequência, em um impulso, foram aqui registradas.

Neste bailado de memórias, entrei na máquina do tempo e, de repente me senti com os meus dezesseis ou dezessete anos, época em que, orgulhosamente, a minha mãe oferecia a todos os visitantes, como brinde e oferta da casa, a minha execução ao piano da famosa Rapsódia Húngara nº 02 de Liszt.

Que tempo lindo! Tínhamos aulas de piano com um anjo chamado Maria Ignês Maciello de Paula que, generosamente encaminhava os seus alunos para um outro anjo chamado Marina Lorenzo Fernandez, que também por sua vez, nos fazia viajar de trem de ferro ou de ônibus para Belo Horizonte, em uma estrada ainda não totalmente asfaltada, para aperfeiçoarmos a nossa técnica pianística com o Professor Pedro de Castro, então mui digno Diretor do Conservatório em Belo Horizonte.

Leveza de ser, de pensar, de agir. Era mesmo uma confraria. Todos por um e um por todos. Éramos uma família harmônica tradicional em todos os sentidos. Nenhuma dissonância hoje perfeitamente aceitável e natural, marcava presença naquele clã deliciosamente aconchegante.

Esta atitude da minha mãe, na verdade era fruto da uma orientação dos mestres do piano e que ela levava muito a sério. Precisávamos sempre de uma platéia para aprendermos a lidar com a emoção diante do público.

Ah... a minha mãe ! A Dona Nenzinha se encantava com a Rapsódia nº 02 e, como um pavão, assistia a sua filhotinha fazer malabarismos sobre o teclado para o encantamento de todos, pois esta peça é a segunda e mais famosa obra de um conjunto de 19 rapsódias compostas por Liszt e que atingiu grande popularidade, por permitir ao pianista revelar e explorar todo o virtuosismo característico da escola romântica.

Consiste esta técnica, na repetição de uma nota seguida de sua oitava superior e, posteriormente, numa nova repetição da mesma nota. A rapsódia que começa com um “Lento a capriccio”, segue com um “Andante maestoso” no "Lassan",para depois na “Friska”, em um "Vivace" não menos virtuosístico, com os seus saltos tanto na mão esquerda como na direita, exigir grande reflexo do instrumentista, com a célula rítmica colcheia pontuada / semicolcheia.

Não apenas em nossa casa, esse colosso pirotécnico, arrebatado e hilariante, era também sempre importante para um “gran finale” nos concertos e recitais.

Insistentemente, a imagem linda da minha mãe, enérgica porém sutil, generosa, mas sempre muito firme, baila em minha mente, ao som cigano de todo o talento e vivência húngara de Liszt.

Quantas saudades mamãe...

quinta-feira, 22 de abril de 2010

SÉCULO XXI – MÚSICA CLÁSSICA E MULTIMÍDIA, UMA PRÁTICA NOTÁVEL


| Por: Raquel Crusoé Loures de Macedo Meira

A música clássica do século XXI, combina elementos de todos os estilos de música, independentemente de se tratar de "clássica" ou não. Existe um movimento crescente para o pós modernismo, poli-estilismo e ecletismo onde alguns elementos do século anterior foram mantidos.

Neste século, já não há uma diferenciação entre os diversos gêneros musicais, como "Pop", "Jazz", "Rock" e assim por diante. Gêneros e estilos diversos podem ser utilizados em qualquer composição.

A combinação de música clássica e multimídia é também uma prática notável no século atual. A internet e suas tecnologias relacionadas, são recursos importantes neste contexto. Em 2008, a Google convidou o compositor Tan Dun para compor a “Internet Symphony No. 1 – “Eroica”.

TAN DUN (1957 - )
O compositor e regente,conceitual e multifacetado Tan Dun, nasceu em Hunan, na China, mas atualmente reside em Nova York.

Após servir como plantador de arroz e artista da Ópera de Pequim durante a Revolução Cultural, estudou no Conservatório Central de Pequim, onde encontrou a música ocidental pela primeira vez, descobrindo uma gama de repertório do século XX , com a qual, não teve nenhum contato em seu país.

Na China, Tan Dun logo tornou-se o principal compositor do movimento “New Wave”, que adotava um novo pluralismo cultural nas artes desenvolvidas no início dos anos 80. Em 1986 se mudou para Nova York, depois de receber uma bolsa de estudos da Universidade de Columbia, onde completou seu Doutorado em Artes Musicais (1993).

Com um repertório inovador que abarca a música clássica, a multimídia e as tradições ocidentais e orientais, se tornou importantíssimo no cenário global da música.

Vencedor dos prêmios relevantes da atualidade, como por exemplo o Prêmio Grawemeyer para composição clássica, o Prêmio Grammy, o Prêmio da Academia (Oscar) e o prêmio de Compositor do Ano pelo Musical América —, a música de Tan Dun é tocada em todo o mundo por orquestras de renome, em casas operísticas, festivais internacionais, na televisão e no rádio.

Para maiores informações sobre Tan Dun, visite www.tandunonline.com

segunda-feira, 19 de abril de 2010

MONTES CLAROS EVOLUIU MESMO, TEM ATÉ ESCOLA PARA FANTASMA !


I Por: Raquel Crusoé Loures de Macedo Meira

No Conservatório Estadual de Música Lorenzo Fernandez, o trabalho era muito sério. Aquela casa era o centro intelectual, artístico, sensível e efervescente dos Montes Claros das Gerais.

Além de abrigar aspirantes, artistas e arteiros da região, também era muito comum recebermos figuras relevantes do cenário nacional e internacional, como os pianistas Jacques Klein,( me lembro como hoje, o famoso virtuose Arnaldo Cohen, ainda estudante, o acompanhando por aqui), Nelson Freire, Miguel Proença, o criador da Escolinha de Arte do Brasil Augusto Rodrigues, o grande compositor nacionalista brasileiro Francisco Mignone, Álvaro Apocalipse com o teatro, a soprano Maria Lúcia Godoy, Bartolomeu Queiroz, isto sem contar com os que vinham uma vez e que logo se entrosavam a ponto de permanecerem quase como frutos da terra, como os Maestros Sérgio Magnani, Geraldo Fiqueiredo, Aloysio Saliba, o cantor lírico Marcos Tadeu Miranda, o professor Joaquim que introduziu o ensino de ballet na região e Liana Menezes com o seu glorioso trabalho à frente do nosso teatro, ao lado do seu esposo Conrado, mestre da pintura.

Com tantas situações que cruzam a minha memória neste momento, impossível lembrar todos os nomes que por aqui passaram e plantaram tão boas sementes que estão a frutificar por este mundo afora.

Lado a lado com a intelectualidade artística, o humor sempre estava presente em situações deliciosamente divertidas. Era deveras um prazer estar naquele espaço.Garis que limpavam a rua imitando com a voz, às vezes em falsete, os sons dos intrumentos, a muito querida Professora Lucinha Teixeira que sempre tinha na ponta da língua uma anedota para cada situação e a sempre feliz e amada Professora Cecy Tupinambá de Ulhôa que, com o olhar, e com insinuações inteligentes e sutis, fazia leve e bem humorada, toda e qualquer situação.

As saudades são muitas e a minha alma sorri ao lembrar tanta felicidade...

Geralmente nos fins de semana, ao findar as aulas, íamos para a Hora Dançante “Juventude em Brasa” do Automóvel Clube. Não dá mesmo para esquecer. Nunca experimentei o famoso “chá de cadeira”, pois naquela época, as mocinhas jamais ousavam chamar um rapaz para dançar, ficavam a mercê dos garotos. Ah, como Deus foi generoso para comigo até em situações como esta. Fui o maior pé de valsa, pois os meus alunos não me deixavam sentada nem por um minuto.

Me lembro dando aulas, em uma mesma sala para o Armeninho Graça,Clarice Maciel, Yuri Popoff,Olavo Mendonça ...

As memórias são tantas... são tantos os nomes que por nossas mãos passaram e que hoje são referências nas diversas áreas de arte no cenário nacional e internacional que nos enche de orgulho.

Mas um fato muito pitoresco ficou em minha mente...

Era muito cedo e, especialmente naquele dia, fazia muito frio quando eu me encaminhava para começar o meu dia de trabalho. O prédio do Conservatório, anteriormente sede do Clube Montes Claros e que fora desapropriado pelo Governo do Estado para alojar a nossa casa de arte, ficava em uma esquina do centro da cidade.Prédio pomposo, estrutura sólida e do qual tínhamos muito orgulho.Nesta manhã, ainda sonolenta, estava a cruzar a rua quando, sentado na escadaria da esquina do conservatório estava um senhor,conhecido por ser de uma tradicional família montesclarense, finalizando a sua noitada de farras e bebidas.

Eu chegando para começar o dia e ele finalizando a noite. Foi então que me chamou dizendo: ô mocinha, você já viu como a nossa Montes Claros está evoluída? Virou metrópole mesmo uai! Depois que esta escola chegou aqui, estão educando as duas dimensões. Viche Nossa Senhora,agora temos por aqui até escola para fantasma, ouça só. E com gestos teatrais, bastante dramáticos, imitava os grandes cantores enquanto repetia os vocalizes que vinham das aulas de canto:a,i,a,i,a,i,a,i,a,i,a........... u,i,u,i,u,i,u
.....e lá se foi tal e qual um equilibrista bêbado,com passos trôpegos, pelas ruas da cidade. Infelizmente creio que o seu rosto de felicidade iria em pouco tempo se transformar ao chegar em casa...

Esta é a Montes Claros que amo !!!

domingo, 18 de abril de 2010

RAPSÓDIA, UM ESTILO MUSICAL BRILHANTE

| Por: Raquel Crusoé Loures de Macedo Meira

Baseadas em temas de canções folclóricas, as 'Rapsódias" são fantasias instrumentais brilhantes.O primeiro a valorizar este estilo musical fantástico foi o compositor Franz Liszt que, aproveitando motivos populares de grande beleza melódica/rítmica e, usando a sua genialidade como improvisador, compôs as suas famosas rapsódias. Ele,um grande compositor romântico, mais que ninguém , sabia que as músicas do coração jamais cansam a inteligência.

Sem necessidade de seguir uma estrutura pré-definida, a rapsódia se caracteriza por ter apenas um movimento, geralmente integrando fortes variações de tema, intensidade e tonalidade.

Horowitz plays Liszt-Horowitz: Hungarian Rhapsody No. 2



Recorded at Carnegie Hall, New York on February 25, 1953

Depois de Liszt, outros grandes compositores também criaram obras neste estilo, como por exemplo Dvorak, George Enesco, Ravel, Rachmaninoff, Chabrier e Gershwin.

Este útimo, com a sua famosa "Rhapsody in Blue",combina elementos de música clássica e do jazz.

Vamos conferir ?




Paola Bruni Plays Rhapsody in Blue (part 1) by Geroge Gershwin.




Paola Bruni Plays Rhapsody in Blue (part 2) by Geroge Gershwin.