segunda-feira, 21 de junho de 2010

DOIS TALENTOS E UM HINO DE AMOR AO BRASIL : GOTTSCHALK E GUIOMAR NOVAES

| Por: Raquel Crusoé Loures de Macedo Meira

Confesso que a primeira vez que ouvi a “Grande Fantasia Triunfal sobre o Hino Nacional Brasileiro”, do compositor americano Louis Moreau Gottschalk inspirada no Hino Nacional Brasileiro, fui às lágrimas. O sentimento de brasilidade aflorou em todo o meu ser.

A partir deste momento, me interessei em saber mais sobre esta obra que é grande sucesso no repertório não só de nossos pianistas, como nos de outros países. Gottschalk tinha muito prestígio junto ao Imperador Pedro II e, a euforia predominante na côrte com a vitória sobre as tropas paraguaias, inspiraram o compositor que, entusiasmado, compôs esta peça dedicada à Princesa Isabel.

De acordo com Roberto Muggiati. “..., em 1973, uma consulta de origem desconhecida à Comissão Nacional de Moral e Civismo, ameaçou por algum tempo de proibição a peça de Gottschalk. O processo rolou por alguns anos até que, graças principalmente ao parecer do musicólogo Alfredo Melo, que esclareceu devidamente a diferença entre “arranjo” e “variação”, e condenou “essa interdição como um “crime de lesa-cultura”, a “Grande fantasia Triunfal”, foi liberada. Finalmente, a 7 de setembro de 1981, junto ao Monumento do Ipiranga, ela foi executada em apoteose para 800 mil pessoas, no melhor estilo “gottschalkiano”.



Louis Moreau Gottschalk (1829-1869), da Escola Nacionalista Norte Americana, nasceu e foi criado em Nova Orleans onde vivenciou uma imensa variedade de influências musicais, mas foi como aluno de Berlioz que herdou este gosto por concertos de proporções gigantescas, com a participação de mais de mil executantes entre regentes instrumentistas e cantores. A sua viagem a Cuba em 1854, marcou o início de uma série de viagens à America Central e América do Sul e, em meados de 1860, Gottschalk havia se estabelecido como o mais importante pianista do Novo Mundo. Faleceu no Rio de Janeiro em 1869.



Guiomar Novaes

Pianista paulista (28/2/1894-7/3/1979). foi uma das mais importantes instrumentistas de sua geração e a primeira brasileira a consolidar uma carreira de prestígio internacional.

Suas interpretações se caracterizavam pela pureza da sonoridade e domínio da técnica pianística.

Considerada a grande intérprete de compositores românticos, tinha realmente uma preferência especial por Chopin, o que no entanto não interferiu em sua grande dedicação e divulgação da música brasileira, especialmente de Villa-Lobos.

Vejam abaixo esta preciosidade de gravação histórica:

Guiomar Novaes - Grande Fantasia Triunfal sobre o Hino Nacional Brasileiro



Guiomar Novaes toca a Grande Fantasia Triunfal sobre o Hino Nacional Brasileiro, Op. 69, de Louis Moreau Gottschalk.

Guiomar Novaes foi uma das maiores pianistas do século XX, e uma das maiores do Brasil de todos os tempos. Aqui ela interpreta de forma soberba a obra Gottschalk compôs para homenagear o Brasil, terra pela qual se apaixonou.

quarta-feira, 9 de junho de 2010

MÚSICA FOLCLÓRICA, POPULAR E ERUDITA


| Por : Raquel Crusoé Loures de Macedo Meira


FOLCLÓRICA

Elaborada por quem ignora por completo os aspectos teóricos da arte musical, a música folclórica vive em função de uma tradição e é concebida de maneira espontânea. Se expande com toda naturalidade, pois é aceita no momento da criação. Neste gênero, a música é o que importa,o autor geralmente cai no anonimato.

Claro que ela tem autor. Nada acontece do nada. Porém de tanto ouvir e cantar ao ser transmitida de forma oral, cada um se julga o dono. Se dissermos para alguém que a “Ciranda cirandinha” ou o “Atirei o pau no gato” é nossa, estaremos comprando uma grande briga. Cada um se sente o proprietário, pois afinal é um bem hereditário.

A música folclórica subsiste entre as coletividades rurais e urbanas e se contrapõe à moda, à arte e às técnicas eruditas modernas. Portanto, executada ou cantada, é divulgada por audição, de um para outro membro da coletividade e, pode ou não, sofrer alterações fundamentais, pois afinal, quem conta um conto, aumenta um ponto.

POPULAR

É também uma música do povo, porém a espontaneidade dá lugar a uma imposição. Por ser transmitida através dos meios de comunicação, quantas e quantas vezes nos damos conta de que cantarolamos inconscientemente uma canção que está na moda e em todos os canais da mídia?

Do Oiapoque ao Chuí, o povo sempre ouvirá exatamente as mesmas interpretações, portanto, não sofre alterações, a não ser por alguma dificuldade de audição ou memória musical do ouvinte,pois somos submetidos a uma verdadeira lavagem cerebral.

Ao contrário da música folclórica, a música popular atende a modismos. Hoje é uma música que está na boca do povo, amanhã, com certeza será outra. A mídia comanda e detém o poder. Em muitas situações o compositor ou o cantor, é mais importante que a própria música. Quantas vezes ouvimos alguém dizer: fulano lançou um novo CD, irei imediatamente comprá-lo, pois amo tudo que ele canta.

A música popular pode ser composta por quem entende de música ou não. Se não entende, geralmente o compositor procura alguém para fazer a partitura por ele.

Importante ressaltar que existem os chamados “clássicos da música popular”. São composições belíssimas que, apesar de sair da mídia, permanecem no coração e mente de muitos. Grandes cantores também, com os recursos das novas tecnologias, buscam estas maravilhas e as lançam novamente, em grande estilo, fazendo assim com que entrem novamente, com muito sucesso, no coração e no dia a dia das pessoas.


ERUDITA

Também conhecida como “música clássica”, é a música produzida ou enraizada nas tradições da música secular e liturgia ocidental, que vai aproximadamente do século IX até o presente.

No período clássico, ou classicismo, dentro da evolução histórica, se produziu a música pura, “música pela música” onde a razão predominava sobre a emoção e a busca de perfeição era uma constante, talvez daí a popularização do nome.O termo clássico que denomina um período, passa a denominar a música de todos os períodos da evolução histórica musical erudita.

A música erudita é escrita pelos eruditos, estudiosos da música, e divulgadas através das escolas, entidades,igrejas e família. Muitas pessoas dizem não gostar de música erudita ou clássica, simplesmente pelo desconhecimento. Somente podemos amar o que conhecemos e, infelizmente apenas uma minoria da população tem a oportunidade de vivenciar esta produção transmitida através da escrita. Um profundo respeito guardado às obras clássicas, têm implicações relevantes na interpretação musical. Espera-se, de uma forma razoável, que os intérpretes executem a obra de acordo com as intenções originais do compositor. Tais intenções são geralmente, pormenorizadas em detalhes, na própria partitura.

Na música clássica ou erudita, se utiliza inúmeras formas como o concerto, a sinfonia, a ópera a música de dança, a suite, o estudo,a sonata, o poema sinfônico entre muitos e muitos outros, tornando portanto imprescindível o estudo, o conhecimento e a academia para se tornar um compositor.Mas para ser um bom ouvinte e desfrutar das delícias que nos proporcionam, basta apenas a vivência.Como disse anteriormente, somente amamos o que conhecemos !